19 de abril de 2011


Primeiro despedi-me do parentesco mais próximo. Só sabia que chegara o momento de partir e que demoraria muito tempo para revê-los. Apesar de o saudosismo bater forte, segui. Já no meio do caminho, (não sabia aonde ele chegaria e aludi ser ali o meio pelo tempo já percorrido), percebi que a bolha a qual nos encontrávamos presos tinha sido coberta por uma redoma que eles chamavam de cúpula.

Nela as imagens que víamos eram sempre repetidas de maneiras, cores, e formas diferentes. As situações eram sempre as mesmas e apenas tínhamos a ilusão de que haviam mudado. Uma única coisa acontecia, sempre repetidamente. Além disso, criavam figuras estranhíssimas e induziam para que víssemos aquilo que nossos olhos e nossas mentes se permitiam enganar a partir do medo e do orgulho. Era tudo torto e cego.

Ao perceber o que estava acontecendo tentei buscar ajuda e à medida que ia negando os fantasmas que surgiam com suas falsas verdades, consegui vislumbrar uma imagem de muita luz que descia num campo tão claro, mas tão claro que creio que se fosse real; queimariam as minhas retinas. A imagem descia dos céus e volitando pousava leve próximo ao chão, distante, bem distante, mas dava pra perceber que tinha uma espécie de asas e era semelhante a um minotauro, mas sem chifres e com a face mais parecida a de um cavalo meio ser humano. Imagem nunca vista. Sem roupas, mas sem o nu, havia uma espécie de penas ou plumas ou pêlos espessos no corpo, tipo de escamas, com uma cor até então desconhecida semelhante à pérola nos tons róseos e azuis muito claros.

Rapidamente a imagem foi consumida por mais um espectral e chegou uma mulher próxima a mim correndo dos policiais. Esses policiais perseguiam e destruíam quem conseguisse enxergar a fenda da bolha. Eu seria a próxima. Comecei a correr assim que percebi o perigo, mas tudo era muito denso e a dificuldade de atingir velocidade era grande.

Então veio a mente a memória de alguns sonhos em que conseguia voar e tentei induzir a mente a tal feito, depois de muita concentração consegui começar a atingir certa velocidade e à medida que ia me concentrando a velocidade aumentava e meus pés não tocavam mais o chão; ao atingir uma velocidade que dava um “baita” frio na barriga começou a surgir um túnel com as paredes muito altas e de uma profundidade que não enxergava o seu final. Era de um rosa forte quase roxo e violeta com tonalidades que variavam do claro ao escuro.

Não sei ao certo quanto tempo permaneci ali dentro, sei que fui parar a distâncias muito longínquas e a sensação era inexplicável.

Cheguei, toquei a campainha e amigos abriram rapidamente a porta, pois sabiam que eu chegaria.

__Daqui a pouco eles passarão por aqui fazendo a ronda. Eles têm bom faro. Temos de nos camuflar. Vistam estas roupas pretas e passam aquela fumaça pelo corpo. É a única forma deles não perceberem a sua luz. Rápido!

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