26 de dezembro de 2010

De olho em São Pedro

Ficava tentando adivinhar qual móvel São Pedro estava a arrastar em seus cômodos gigantes.

(...)
Logo ele estaria a lavar o teto, as paredes, o chão, e teria, talvez ao amanhecer , uma casa limpa e brilhante, assim os convidados iam se sentir mais a vontade e bem acomodados.
Um guarda-roupas, um armarinho de cozinha, agora deve ser uma cadeira, (...) daquelas de madeira iguais as da casa da minha avó, deve ser sim, ouve só o barulho...
Agora talvez seja o banco da sala, ou a cama, a mesa, a prateleira,...

Espera aí, ...desde quando São Pedro tem cama... Será que ele dorme... E que horas deve ser isso?

Talvez durante o horário do meio do dia...

Nunca vi ninguém ir embora nesse horário.

A essas horas o sol é muito quente, e com essas explosões solares elevando a cada ano a temperatura, imagina carregar aquela caixa de madeira pesada por estas ruas vermelhas, e ao meio dia! ui ui ...Barriga cheia, (...)

é, realmente São Pedro deve dormir do meio dia até umas quatro mais ou menos, tem dia que talvez ele dê uma esticadinha até as cinco.
Só não faz isso quando tem de dar faxina, mas é só de vez em quando...
Acho que o João de Barro é que não gosta muito de tanta "lavança", é São Pedro arrumando de lá e a casa do João de Barro desarrumando de cá.

Ainda bem que ambos não têm preguiça nunca.
Minha mãe diz que santo não sente preguiça e é por isso mesmo que são santos.

Eu devo demorar um tempinho , ou melhor, um tempão (...) pra chegar lá, tem dia que não adianta, ela chega sem nem pedir licença e até de ouvir o canto da saracura e da juriti dá preguiça, e quando a cigarra começa a cantar então! ... Olho para a estrada e parece que ela está derretendo, de tanto que o sol arde lá de cima. Mal consigo abrir os olhos.
São nesses dias que peço licença pro João de Barro e tento convencer São Pedro que dê uma ajeitadinha na sua casa. ___O dia que eu for aí visitar o senhor prometo que ajudo a lavar o chão.

Tem vezes que acho que São Pedro sente um pouco de preguiça por que ele demora muito pra dar um jeito na sua casa. Aí de repente ele cisma e não pára mais.

Minha Mãe diz que não é preguiça e sim muito trabalho recepcionando as pessoas que chegam juntas de viagem,ou talvez ele tenha tirado férias e saído viajando por aí.

É, pode ser. Mas, ...e quem toma conta da porta do céu nesse meio tempo? São Jorge sei que não é. Ele nunca deixa as suas batalhas, mesmo durante o dia consigo ver ele lá na lua lutando contra os dragões venenosos.

Quando eu for lá ao céu, tentarei chegar a lua, e se São Jorge permitir vou lutar ao seu lado, serei uma fiel soldado.

A armadura já está quase pronta e todos os dias à noite eu peço isso aos céus.

Sei que as orações a Deus que aprendi com o padre Guido e a dona Carmelita são diferentes destas minhas, mas nunca me lembro das deles mesmo, são muitas palavras que eu não entendo o significado, então pra quê rezar?

Sei lá se não estou é a xingar São Jorge e ele ainda fica irado comigo!

Agora é conseguir convencer São Pedro de me mandar pra lua.

trecho retirado da obra JoAna, Ana que anda... (Continua...


9 de dezembro de 2010

Alguns segundos de parada e rapidamente se voltavam os olhos para um céu azul claro e nuvens excessivamente brancas que causavam uma aversão ocular. Isso às poucas doze badaladas da tarde. Talvez chegue o fim de tudo, é o que dizem alguns por aqui. Vez em sempre, ou ás vezes, se lembra... comenta, pensa, imagina, teme,

E...Criam seu próprio fim de mundo. Lembra do vento frio de ontem no estacionamento?

Pois então, surgiu um espirro nesse momento e vou me levantar para vestir um agasalho.

Pausa à poética sem léxico; Está frio de verdade.

Capitólios são imprescindíveis e verdadeiros cavalos de Tróia

Queria ter falado a alguns versos anteriores...

...Que havia na floresta umas senhoras conhecedoras de chás e ervas que davam vida longa, elas também liam cartas e faziam adivinhações, e pra isso a pessoa tinha de atravessar o bosque e a montanha do leste dando a volta pelo morro de Santa Tereza e chegando ao rio era só fixar os olhos n’ água...

...e quando percebi estava misturando tudo. Calma. Estava eu,mais cedo, reescrevendo um conto mítico, perdido há muito tempo pelas falhas da tecnologia, e então saí de dentro da sala e fui tomar um ar na varanda quando me veio o início desta que não é prosa mas comunica uma tentativa de conversa de mim com você quando lembrei sobre o que li na rede virtual sobre o fim do mundo em 2012, depois realmente senti frio e novamente estou sentada tentando reescrever o conto mítico, mas tive de parar de reescrevê-lo para escrever sobre o que pensei na varanda....

... Vou fazer uma pausa para um café e ordenar as idéias.

(Texto retirado da obra: Sub-terfúgios de Zito com Alfrênico)

ITã

Havia um rio de águas turvas
No fundo do rio uma pedra
A pedra era guardada no pote de barro
__Mergulho conduzido e induzido;
A tampa é aberta e Itã vem às mãos,
Mistérios e reflexos são colocados à vista.
Retorno a margem e Itã diminui sendo carregado no bolso,
O rio desaparece.
Filme visto no onírico noturno.

O já se H-ouve

O que agora não é já passou.

As mentes torpes, os vinhos embevecidos,

As frutas frescas apanhadas na sexta __ Sumiram todas.

Agora, agora se falam de outras “cousas”,

Agora é a luz que guia os mundos,

Todos saboreados ao cheiro de manga madura.

“Teve época em que sertões estavam mergulhados nas suas enchentes de março, e lá apareceu o gentil e nobre cavalheiro guiando passos andarilhos e semeando solo fértil;”

Germinação corrente, altiva, e madura mineira,

Agora é a semente e amanhã...

Bem,(...) amanhã a fruta estará madura, pois chegamos ao verão.

Do que chega

Vento

Ventríloquo

Ventania...

Ventarola trazendo pólen,

Semente semeada nos sertões,

Andarilha descalça e des-nuda cobrindo-se de finos e claros panos

Tecidos por sua mente quase nunca muda.

Camaradas de caras falhas, meninos, meninas, moçadas!
Tu pensas que somos bobos e de armas falhas?
Sem fogo ateamos fogo nos olhos de ajé direcionados à Mãe Menina;
Tempo no tempo sentido no tempo infinito do tempo
Pra nós não existe horas é aqui amanhã depois sendo tudo agora;
Armadilhas são espelhadas e trapaças espinhadas nas mesmas mãos que as lança,
Sem maldade, questão de sobrevivência e sobriedade adquirida
Sem nem mesmo se desejado por ela, mas visto e medido na balança pelas gentes do lado de cá que conhece bem quem mora aí do lado de dentro.
Aqui não se pede glória, aqui se pede respeito.

“Manzina” e “Pazino” andam hoje de pele clara;

Duas meninas acompanhadas da cabocla Jurema conversam aos de ouvido aberto;

“Aqui corre sangue na veia de muitos séculos idos, daí a conversa toda: Bisavô, bisavó e todos os demais passados com pés rachados correndo mato noite e dia. Gente de estrada batida meu velho, com sua licença e respeito...”

Tem também caboclo boiadeiro manco da perna que acompanha as gentes,

Este partiu na sua hora marcada depois de uma onça parda ter abocanhando seu osso na guerra;

Foi girando que se tirou a dor da mente e de outros sentidos do cavalo;

Ventania, Sete Estrelas, Sete Saias, Sete coco e Outras gentes,

Ana, Dona Maria Conga da Mironga, seu Zé das Aldeias e Sete Encruzilhadas

Girando Mundo com Pelintra, acompanhados por Ogum, Obá e Ori.

Salve, e quem pode mais que pague a tua caridade aos de cá.

avEsso

Procurado e não encontrado
Escrito e não lido
Percebeu e ouviu de tudo, incluindo o desnecessário;
___Imaginação de relicário;
Lembranças do armário pra arrumar,
Dos bonecos pra manipular,
Dos devaneios e do olhar fixo na janela;
Vista furtiva, durante bom tempo, da barba sem fazer
E do olhar de prazer no não ter e no ser eterno de imaginação;
Palavras soltas e perdidas no meio de uma pequena multidão
__ semelhante Tubalina,
com o receio de pegar a navalha;