Penteu acabou dormindo debaixo das saias compridas e velhas de Cacilda. Cacilda permaneceu na praça, sentada por mais duas horas, ignorando a presença de Penteu.
Percebendo que tinha ficado sozinho, Penteu arrumou logo uma forma de ser acolhido por aquela senhora de pernas compridas. Cacilda sentiu apenas a baba do cão escorrer por seus pés descalços e rachados. O pobre cão estava morrendo.
E por espanto de todos nós que observávamos a cena da janela, Cacilda se mostrou generosa, acolhendo e acreditando na doença e infelicidade de Penteu.
Lavou, cuidou, deu moradia, remédios, boa comida e bebida, ensinou a ele sobre tudo o que sabia. Penteu era uma presença viva além de criativo. Depois descobriu que ele tinha habilidades circenses de acrobacia, truques de mágica e outros atributos de convencimento.
A presença de Penteu mostrava a Cacilda que ela ainda respirava e algum tempo esqueceu-se de suas dores. Cacilda tinha reumatismo crônico, além de cinco pontes de safena, insuficiência renal, cãibras e esterilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário